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Cerca de 600 testes moleculares para diagnosticar malária, hanseníase, febre amarela, febre maculosa, entre outros, foram embarcados no projeto Navio (Navegação Ampliada para a Vigilância Intensiva e Otimizada) e estão à disposição de especialistas que prestam assistência às comunidades ribeirinhas do Pantanal, nos estados de Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS). Além de oferecer serviços à população ribeirinha, o objetivo da expedição a bordo de um navio da Marinha do Brasil é implementar um sistema móvel de monitoramento genômico para realizar vigilância itinerante na região.
A expedição Navio está em Corumbá e já passou por Ladário e Porto Murtinho, ambas em MS, seguindo posteriormente para Cáceres (MT) e Cuiabá (MT). A iniciativa conta com a participação da Fiocruz, IBMP e Laboratórios Centrais dos Estados (Lacens) do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Os testes moleculares do IBMP estão sendo utilizados pela equipe no estudo do sequenciamento dos vírus causadores das arboviroses, vírus respiratórios e bactérias causadoras de febre maculosa. O navio está adaptado para a realização, in loco, de sequenciamento genético de última geração e da análise genômica e epidemiológica.
O IBMP também enviou testes rápidos para a detecção de covid e a leitora de testes rápidos Tera, desenvolvida pelo próprio IBMP para ser utilizada pelos profissionais de saúde como equipamento auxiliar “point of care” na leitura dos resultados dos testes rápidos e elaboração dos laudos, e na transmissão dos dados para o banco de dados dos SUS.
“Para o IBMP, contribuir com essa expedição é motivo de orgulho, pois ela reúne renomadas instituições empenhadas no trabalho de identificar a presença de vírus e bactérias que podem desencadear epidemias. A vigilância constante permite atuar de maneira mais assertiva e eficaz para salvar vidas”, afirma o diretor-presidente do IBMP, Pedro Ribeiro Barbosa.
MONITORAMENTO – O projeto, que tem por objetivo o estudo e monitoramento da saúde de populações ribeirinhas do Pantanal e das mudanças climáticas e seus impactos na saúde pública, visa atender a população, fazer a busca e a vigilância de patógenos no cunho de Saúde Única, analisando patógenos com impacto na saúde humana, animal e ambiental.
Para o pesquisador da Fiocruz Minas, idealizador e coordenador do Projeto Navio, dr. Luiz Alcântara, o projeto tem o objetivo de atender as populações ribeirinhas da região, investigando em escala de Saúde Única e, dessa maneira, dando suporte às doenças causadas por patógenos nessas populações. “Esse é um projeto One Health – Saúde Única – que visa não somente investigar os patógenos emergentes e reemergentes nessas populações, mas também os patógenos que estão nos animais, no meio ambiente – água e esgoto – e bem como nos vetores e carrapatos no ambiente em que essas populações convivem”, explica o pesquisador.
O Projeto Navio possui duração de 5 anos e teve início no dia 25 de novembro de 2023 na rota entre Ladário e Porto Murtinho. Para o projeto, a Marinha do Brasil disponibilizou três navegações: o Navio de Assistência Hospitalar ‘Tenente Maximiano’, o Navio de Apoio Logístico Fluvial ‘Potengi’ (possui laboratório montado, inclusive de biologia molecular) e o Navio de Transporte Fluvial ‘Paraguassu’ (acomoda a tripulação; será montado um novo laboratório para a realização de análise de amostras de água, de fezes e outros tipos de testes).
OUTRAS INSTITUIÇÕES – Além do IBMP, participam do Projeto Navio, as Universidades Federais do MS, MG e Ouro Preto, Universidades Estaduais do MS e de Feira de Santana da Bahia, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)/ Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde, LOCCUS, Bio-Manguinhos, prefeituras de Ladário, Corumbá e Porto Murtinho, Instituto Erasmus de Roterdan da Holanda, Universidade de Stellenbosch da África do Sul e Universidade de Sidney da Austrália.